Este post foi gentilmente escrito por Luciana Flor
Viajar é mais do que uma vontade, é uma necessidade em minha vida. Fico irritadíssima quando sou privada por N razões quando não posso viajar. É meu momento “Lu explorando o mundo”, já que sempre viajo sozinha e mochilão é minha paixão.
Minhas viagens são sempre previamente planejadas e também com rotas alternativas e se encontro algo que me chama a atenção ou que faz meu coração disparar não penso duas vezes em abandonar os planos originais e reprogramar tudo.
Na ultima vez em que consegui tirar férias (Dez/2007-Fev/2008 – preciso VIAJAR!!!), fui para a Ásia com uma breve passagem pela Europa antes. Esse continente tão rico culturalmente me fascina, “grita” meu nome! É inexplicável o quanto me identifico com as pessoas que conheço por onde passo em países asiáticos (são em momentos assim que tenho certeza de que nasci no lado errado do mundo… hihihihihi…)
A escolha “China” não foi um impulso e sim um empurrão. Tenho amigos por toda a Ásia e uma amiga chinesa me convenceu a visitar seu país. Mostrou-me fotos lindíssimas e que me enlouqueceram. Então China: aqui vou (fui) eu!!!
A única coisa que nós esquecemos é de que eu não falo nada de mandarim, cantonês ou qualquer dialeto chinês, ao contrario dela… e como eu planejei uma viagem de dois meses pela China e cuja minha única companheira era minha mochila, ao invés de me estressar com as barreiras de comunicação, abracei a aventura sem saber o que me esperava e se encontraria pessoas falando inglês pelo caminho. Mas a cordialidade e a disponibilidade em ajudar do povo chinês é TÃO grande que tirei de letra com a ajuda de muitos.
Ao chegar no melhor Hostel que já conheci/me hospedei, o Jade International Youth Hostel que faz parte da Hostelling International, fui procurar o que fazer no 1º dia em Beijing. Escolha FACIL: The Great Wall!!! Havia 3 opções de visita a Grande Muralha da China com 3 faixas de preços e 3 graus diferentes de dificuldade.
O mais caro = mais conforto mais turístico, mais movimentado e menos esforço físico. Já o mais barato = menos conforto, 10km de hikking com tempo limite p/ finalizar o percurso e prometendo mais aventura do que um simples passeio turístico.
Advinha qual foi a minha escolha?! Simatai Great Wall (o mais baratinho e com mais emoção).
A parte ruim do percurso baratinho: é o mais afastado de onde estava hospedada a 120 km da cidade de Beijing em Miyun County.
O frio era intenso naquele dia e uma fina neve caia sobre nós (um grupo de cerca de 10 pessoas) ao chegar no ponto onde iniciaríamos o hikking. Ainda na subida que dá acesso a muralha, um grupo de chineses sorridentes cercou o grupo. Ficamos apreensivos, pois há varias placas pedindo para tomarmos cuidado com nossos pertences. Fiquei com um medinho nessa hora, mas depois descobrimos que são moradores da região que vendem souvenires e acompanha os grupos durante o trajeto ajudando nos trechos onde há apenas ruínas ou em trechos onde ela esta bastante danificada.
Dica: Caso escolha este caminho, vá de tênis ou bota de trekking, há muitas áreas precárias e um calçado com boa tração te ajudará a não cair e/ou escorregar.
Quando me deparei com as escadarias destruídas pelo tempo, andando por trilhas beirando penhascos, pensei: o que é que estou fazendo aqui? Por que não escolhi o passeio mais turístico? E na mesma hora a resposta surge a sua frente: o que você esta vendo, por onde você esta andando são ruínas construídas entre os anos de 550 e 577 durante a dinastia Northern Qi e recostruída com as características da dinastia Ming! Dos 10 km de percurso, 5,4 km são de ruínas originais e a energia daquele lugar é algo que só quem conhece conseguira descrever. É nesse momento em que você recupera o fôlego e segue em frente até a próxima torre, e o próximo forte, e assim por diante.
Cada torre possui uma vista única e uma energia especial, impossível descrever qual a melhor.
É possível ver a Mongólia daquele trecho e há blocos de “tijolos” com escritas em caracteres chineses, que pelo que me informaram, são nomes de pessoas que faleceram durante a construção. São pequenas homenagens eternizadas pelo tempo.
Pouco antes de chegar a uma das torres mais altas do Simatai (a Watching Beijing), há uma surpresa eletrizante para quem gosta de aventuras: uma ponte pênsil com cerca de 40 cm de largura, feita de cabos de aço e tabuas de madeira para que você possa andar sobre ela.
A adrenalina vai a mil, principalmente porque os guardiões da Muralha sugerem passar apenas uma pessoa de cada vez. Esta ponte pênsil passa sobre um rio, tem cerca de 100 metros de comprimento e faz a ligação entre as torres “Fairy” e “Watching Beijing”.
Ao passar pela ponte, há duas formas de chegar ao final da jornada: um caminho todo bonitinho e visivelmente construído bem depois da muralha para facilitar o acesso e uma tirolesa que corta um lago (formado pelas águas daquele rio que comentei quando falei da ponte pensil).
Escolhi a tirolesa presa a um cabo de aço super enferrujado e cuja única proteção que recebi foi um mosquetão de engate rápido que me prendia ao cabo da tirolesa. O lago logo abaixo estava congelado o que o tornava ainda mais atraente aos meus olhos a descida pela tirolesa. Ao final há uma pessoa para te ajudar a não dar de cara nas pedras (hihiihihh…) e te indicar a trilha para chegar ao mesmo destino daqueles que optaram por descer pelo caminho “bonitinho-turista-gosta”.
Apesar de todas as histórias e de tudo que já falaram sobre a Muralha e sobre sua construção, é um dos lugares mais lindos e que mais me trouxeram sensação de paz e liberdade. The Great Wall of China não é apenas uma grande atração turística, uma das Sete Maravilhas do Mundo ou por ser um dos Patrimônios Mundias da UNESCO. Sua grandeza é em minha opinião pela sua magnitude, tamanho (impossível ver onde ela começa e onde termina) e principalmente pelo impacto emocional que ela causa em todos que por lá um dia, assim como eu, tiveram a oportunidade de conhecer o local.
A magia que há naquele lugar é tão grande que no meu ultimo dia na China, fiz questão de voltar lá. Poderia ter escolhido outro trecho, mas o que eu queria mesmo era sentir toda aquela energia que senti na 1ª vez. E juro, o que senti na 1ª vez que fui a muralha não foi emoção de ver algo tão grandioso pela primeira vez, e sim a energia que há no lugar.
O professor Luo Zhewen, um especialista/estudioso da Muralha disse: “A Grande Muralha é a melhor construção chinesa, e Simatai é o que há de melhor na Grande Muralha”. Quem sou eu para discordar de um especialista, heim?! ^.~
OBS: Para quem ficou curioso, a região mais turística da Muralha é a Badaling. Lá a muralha é de blocos de pedras (lembrem-se a Muralha levou centenas de anos para ser construída e o material usado em sua construção variou durante toda a historia de sua construção no que se traduz inclusive aos materiais utilizados), é mais bonitinha, há menos ruínas, é cheia de bandeirinhas vermelhas, tem bondinho que leva os visitantes até a muralha e tem até um mini zoológico de pandas… como disse: coisa para turista ver.
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2 Comments
Danubia
03/12/2012 at 17:52Oii Lu, adorei seu post, faço mandarim e morro de vontade de conhecer a china e taiwan, um dia coloco uma mochila nas costas e faço igual voce… Fiquei curiosa pq vc disse que sempre viaja sozinha, que tal um dia fazer um post com dicas para esses casos de viajante solitario, ou então contando alguns perrengues que vc passou… haiuaihai ja imagino cada historia que deve ter!
beijao!
Andrea
28/03/2014 at 18:36Olá. Estou de viagem marcada para a China e Japão. Estou pensando em qual parte da muralha visitar, afinal de contas 10 km não é pra qualquer um… Vc chegou a ir no outro local mais turístico?